12 de julho de 2012

Zicartola. Portas Abertas para o Samba





Angenor de Oliveira era um pedreiro que usava um chapéu-coco para se proteger do cimento que caia nas obras. Não demorou muito para um espirituoso colega de trabalho colocar o apelido de Cartola em Angenor. O nome não só pegou como virou referência. Alguns anos depois seria o pedreiro de chapéu-coco que fundaria em 1928 a segunda escola de samba do Rio de Janeiro, a G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira. 

Sua história se confunde com a popularização do samba. Suas primeiras composições desceram o morro nos anos 1930 e ganharam a voz de Francisco Alves, o grande intérprete da época. Mas foi com o restaurante que criou com a mulher Dona Zica em setembro de 1963 que colaborou para que o samba carioca retomasse as rádios e conquistasse a classe média. O restaurante ficava na Rua dos Cariocas, 53, e era um antigo desejo de Dona Zica. Por lá passaram Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Ismael Silva, Aracy de Almeida, Herminio Bello de Carvalho e Zé Keti, diretor artístico do Zicartola. 

O restaurante também foi frequentado por nomes da bossa nova como Carlos Lyra e Nara Leão, e outras tantas figuras políticas da época. O Zicartola, como relata Elton Medeiros, era um espaço que o Brasil precisava não somente para divulgar a música, mas para discutir a cultura e política do país. Os 20 meses de existência da casa renderam muitas histórias. Uma delas foi o surgimento de um novo nome do samba. O jovem músico Paulo César Baptista de Faria foi levado por Herminio Bello de Carvalho para o Zicartola. O show foi um sucesso e o jornalista Sérgio Cabral resolveu escrever sobre Paulo César em sua coluna no Jornal do Brasil. Com Zé Kéti, o jornalista definiu que Paulo César não era nome de sambista. Nascia Paulinho da Viola. 



Ouça o especial que o "Galeria" produziu sobre o Zicartola, o Templo do Samba, uma homenagem à Cartola, morto no dia 30 de novembro de 1980, aos 72 anos de idade. Zicartola


Créditos: Matéria publicada originalmente no site Cultura Brasil
Texto publicado por Danilo M. Martinho.


                                          Cartola e dona Zica: