2 de abril de 2013

Carta de Bethânia




Ousada, austera, competente. É nessa ordem que Bethânia atravessa seu Oásis agregado de técnica e emoção.

Aos seus 47 anos de carreira, a cantora concede aos fãs sua nova turnê, Carta de amor, que já viajou por algumas capitais brasileiras privilegiadas.

O espetáculo é baseado em seu novo disco, Oásis de Bethânia. No entanto, velhas canções também ganham novas formas, como “Na primeira manhã”, de Alceu Valença, que aparece em meio a apresentação com nova e deliciosa roupagem.

Bem acompanhada, a estrela principal conta com a competência da banda formada pelo Maestro Wagner Tiso, que assume a regência instrumental do show e ainda comanda o piano, Gabriel Improta (violão e guitarra), Paulo Dafilin (violão e viola), Jorge Helder (baixo), Pantico Rocha (bateria), Marcelo Costa (percussão) e Marcio Mallard (violoncelo).

Em um curto intervalo, são eles quem assumem a cena com total maestria, dando vida instrumental às clássicas Cais e Maria Maria, de Milton Nascimento.

O show é ilustrado pelo cenário de Bia Lessa, a qual dirige com delicadeza e competência o mesmo.

Quem dá a performance de iluminação, deixando a cena musical ainda mais brilhante, é Tomáz Ribas, que faz abranger total sintonia entre cena e cenário.

A emoção do público é clara, sobretudo, quando a baiana de Santo Amaro dedica uma parte de seu show para homenagear a mãe, Dona Canô, falecida há pouco, aos 105 anos.

Para manter os bons costumes, a cantora destila seu fel quando recita trechos poéticos pertinentes ao clima do espetáculo.

Ao fim, para retribuir o público, que se faz presente o tempo todo, ela volta para o bis e traz embrulhada em seda a boa e velha “O que é, o que é” de Gonzaguinha. Essa, sem acompanhamento instrumental. Apenas sua voz, que aquece e transa com a voz do público e torna-se um uníssono repleto de emoção.

É correto afirmar que toda nota que corre em sua garganta, ganha mais valor.

Bethânia, mais uma vez, imortaliza um repertório eclético e muito bem aceito, tanto pelo público, quanto pela crítica especializada, a manter com coerência sua coroa de Abelha Rainha.

A luz fala em sua voz. Nós, os outros, ouvimos. 


                                   
                                       [VÍDEO: Que me leva os meus fantasmas] 




Vejam algumas fotos capturadas pelos fãs Leandro Zecchin e Riziane Otoni