8 de maio de 2012

Biografia de Billy Blanco




Billy Blanco é o nome artístico de William Blanco de Abrunhosa Trindade, pioneiro na transição entre o samba-canção e a Bossa Nova, cantor e compositor paraense, carioca de coração.

William Blanco Abrunhosa Trindade nasceu em Belém do Pará no dia 8 de maio de 1924. Willian é um arquiteto, músico, compositor e escritor brasileiro, seu samba sincopado que fugia da cadência vigente do estilo passou a chamar a atenção dos cantores da época.

A carreira de compositor deslanchou nos anos 50, quando suas músicas foram gravadas por Dick Farney, Os Cariocas e Dóris Monteiro, além do já mencionados. Na década de 60, Billy participou de festivais e espetáculos, nos quais começaram a vir a público seus sambas em estilo de crítica sócio-comportamental.

Billy gravou sete discos de carreira e o mais recente deles, O Autor e Sua Música, foi lançado em 1996. Em 2002, a Biscoito Fino lançou A Bossa de Billy Blanco.

Atraído pela música desde criança, quando começou a compor tinha o cuidado ao escrever seus sambas, com letras elaboradas, assuntos e composições das canções.

Nos anos de 1940, quando cursava o segundo ano de engenharia, foi para São Paulo, para fazer o curso de arquitetura, ingressou no Mackenzie College em 1946. Foi para o Rio de Janeiro, e estudou na Faculdade de Arquitetura e Belas Artes, em 1948. Graduando-se em 1950, em arquitetura.

Tem um estilo próprio, descrevendo os acontecimentos a sua volta, com humor ou no gênero exaltação, falando de amor e das desilusões; onde seu samba sincopado, que fugia da cadência vigente do estilo , passou a chamar à atenção dos cantores da época. Sua primeira composição foi "Pra Variar" em 1951.

Nos anos 50 e 60 seus sucessos foram gravados por Dick Farney, Lúcio Alves, João Gilberto, Dolores Duran, Sílvio Caldas, Nora Ney, Jamelão, Elizeth Cardoso, Dóris Monteiro, Os Cariocas, Pery Ribeiro, Miltinho, Elis Regina e Hebe Camargo. Seu primeiro sucesso foi Estatutos da Gafieira, na voz de Inesita Barroso - gravação RCA Victor - 1954.

Parceiros
Baden Powell - Samba triste
Tom Jobim - Sinfonia do Rio de Janeiro - Suíte Popular em ritmo de samba - 1960.
João Gilberto - Descendo o morro. A montanha/O morro - onde os dois doutores do asfalto, homenageiam o samba de gente simples e de favela.
Cinquenta e seis parcerias com o violonista Sebastião Tapajós e com outros compositores, num total de quinhentas músicas, sendo que trezentas já gravadas.

Sucessos consagrados
Sinfonia Paulistana, Tereza da praia, O morro, Estatuto da gafieira, Mocinho bonito, Samba triste, Viva meu samba, Samba de morro, Pra variar, Sinfonia do Rio de Janeiro, Canto Livre.

Sinfonia do Rio de Janeiro
É composta por dez canções, escritas em parceria com Tom Jobim, em 1960. As canções são Hino ao Sol, Coisas do dia, Matei-me no trabalho, Zona sul, Arpoador, Noites do Rio, A montanha, O morro, Descendo o morro e o Samba do amanhã.

Sinfonia Paulistana
(Retrato de uma cidade)

Foi concluída em 1974. Billy Blanco trabalhou nela durante dez anos. É composta por quinze canções, cantadas por Elza Soares, Pery Ribeiro, Cláudia, Claudette Soares, Nadinho da Ilha, Miltinho, coro do Teatro Municipal de São Paulo. Produção de Aloysio de Oliveira e orquestra regida pelo maestro Chico de Moraes.
As músicas se chamam Louvação de Anchieta, Bartira, Monções, Tema de São Paulo, Capital do tempo, O dinheiro, Coisas da noite, O céu de São Paulo, Amanhecendo, O tempo e a hora, Viva o camelô, Pro esporte, São Paulo jovem, Rua Augusta e Grande São Paulo.
Destacando-se o carimbó épico Monções, e a original fusão bossa-pop em O tempo e a hora.

Canto Livre
Escrito na época da Ditadura Brasileira, Billy Blanco compôs essa música assim que saiu de sua temporada no Forte de Copacabana.

O meu compromisso; com sinceridade; é fazer meu povo; sorrir outra vez; e melhor que isso; só se for verdade; No mais, tanto faz; como tanto fez;

Canta!; Sempre serás feliz quando cantares.; e dentre as coisas pelas quais lutares,; o canto puro e simples não esquece,; numa prisão, na irgreja ou na rua,; uma canção tem força de uma prece,; não haverá no mundo quem destrua,; morre um cantor e o canto permanece.;

Canta!; Mesmo cativo, o pássaro não liga; prendem o seu corpo, não sua cantiga,; seu canto é livre, livre como o vento; e um cantor não para, só morrendo; mas a canção revive sua memória; e ele renasce a caa momento; porque seu canto faz parte da História;

Livros escritos
(em parceria)

MACEDO, Regina Helena - Tirando de Letra e Música - Editora Record - 1996 - 224págs. - ISBN: 8501043397

MACEDO, Regina Helena - Florentino Dias: uma vida dedicada a música - Editora Record - 96 págs. - ISBN: 8501056529

Billy é a linha viva que dividiu (e divide) o samba canção, das vozes altas e letras tristes, da bossa nova. Poeta de um tempo glorioso, mas não perdido ou esquecido como preferem alguns, Billy Blanco está na ativa produzindo (85 anos), o que muitos na casa dos áureos 30 anos não conseguem sequer tentar. Compõe todo dia e quer mais.

Billy Blanco gosta de manter certas diretrizes em mente na hora de compor. "Ao escrever, pretendo que as canções sejam cantadas por qualquer pessoa em qualquer tempo. Não componho especificamente para uma só voz ou para um só tom. Quero que minhas canções signifiquem algo em qualquer tempo, sem ser saudosista. Música é para unir gerações, contar histórias das velhas para as novas", diz Billy.

"Estava acabando agora mesmo uma canção. E amanhã rasgo, jogo fora e faço tudo de novo. É como ginástica, aeróbica, essas coisas. O compositor, assim como qualquer instrumentista (um violonista, por exemplo), precisa trabalhar todo dia, colocar seu ofício em dia", diz Billy, com simplicidade. Ele também sabe que, para os padrões atuais, seu ritmo de produção é espantoso.

"Eu duvido que exista um compositor na minha idade produzindo do jeito que produzo. Como disse, componho todos os dias, e não é porque tenho que compor para sobreviver. Eu sobrevivo para compor. E faço isso exatamente como fazia há 60 anos. É minha necessidade e meu papel no mundo", diz.


William Blanco de Abrunhosa Trindade
 8/5/1924 Belém, PA 
 7/7/2011 Rio de Janeiro, RJ

                            
Esse texto é parte integrante da biografia de Billy Blanco, postado originalmente no Letras.com.br todas as informações quanto ao crédito do autor da postagem e informações adicionais se encontram disponíveis nesse link: Letras.com.br