"Para se falar em SAMBA temos que falar em
negro, para se falar em negro temos que contar sua árdua luta através de muitas
gerações, erguendo o seu grito contra o preconceito de raça e de cor herança da
escravidão."
(Trecho retirado do livro: Escola de Samba - Árvore Que Esqueceu a Raiz)
Hoje, 02 de dezembro, é o dia da mais expressiva linguagem do povo carioca. O mestre Jairo Severiano fez no breve texto a seguir uma exposição em poucas palavras do que considera de mais importante para o entendimento do fenômeno Samba:
''Com seu canto vigoroso, rascante, inusitadamente
grave e suas cantigas impregnadas de negritude, a neta de escravos Clementina
de Jesus é a prova cabal da presença da África na MPB. O casamento dessa
presença africana, especialmente rítmica, com harmonias e melodias de
inspiração europeia, constitui o aspecto mais fascinante, o âmago, o espírito
samba, o mais importante gênero da música popular brasileira.''
Antes de prosseguir, ouçam Clementina cantando o
''canto dos escravos'':
A foto que inicia essa postagem é uma ilustração
fiel, mostra Alcebíades Barcelos, um dos fundadores da primeira Escola de Samba
do Brasil, a "Deixa Falar", em 1928, juntamente com o grande Ismael
Silva, Brancura, Mano Edgar, Nilton Bastos, entre outros. Mais conhecido como
Bide, também foi o criador do surdo, mudando o ritmo anteriormente conhecido
por ''maxixe''.
Ouçam essa história mais detalhada no depoimento
feito pelo próprio Bide:
Sobre as Escolas, vale ressaltar:
"As Escolas de Samba, começaram seus
movimentos dentro de um mesmo período (entre 1923 e 1930). Essas foram: a Deixa
Falar (Estácio), Fique-Firme (Favela), Mangueira, Vai como Pode (Portela),
Vizinha Faladeira e outras que começaram como Blocos-Carnavalescos.''
(Escola de Samba - Árvore Que Esqueceu a Raiz, pág. 57).
(Na foto: Paulo da Portela, Heitor dos Prazeres,
Gilberto Alves, Bide e Marçal).
Além do Bide, outros grandes nomes daquela época
muito contribuíram e fortaleceram a criação daquele ''samba de sambar'',
afastado, então, do samba ''amaxixado''. O que aqueles ''malandros do
Estácio'' fizeram permaneceria como grande influência para toda uma geração de
sambistas.
Paulo, um dos fundadores da Portela. |
Paulo Benjamim de Oliveira - ou Paulo da Portela -
também é um dos nomes mais importantes da história do samba. Vital para a
retirada do preconceito muito comum daquela época com qualquer atividade
relacionada ao gênero, tornando-se o primeiro "relações públicas'' do
samba, como cita a grande Marilia Trindade Barboza em um documentário sobre
ele.
Assista:
Paulo da Portela - O Seu Nome Não Caiu No Esquecimento
Hoje podemos comemorar e exaltar o nosso SAMBA,
mas sabe-se que esse poder veio através de grande
luta pela quebra do preconceito com essa manifestação cultural tão
bela e genuína. E você deve
estar se perguntando o motivo pelo qual dia 2 de dezembro foi escolhido como
o Dia Nacional do Samba. Nos dois
"links'' a seguir estão as explicações mais conhecidas e a que por fim,
alega ser verídica.
Há mais de uma
explicação sobre a comemoração desse dia. Essas são acompanhadas por alguns que
as confirmam, outros que as questionam e aqueles que as ''desmentem''.
E a versão que garante ser verídica, escrita pelo
Márcio Gomes para o Especial Dia Nacional do Samba:
Seja qual for a real explicação, o importante é
ter um dia dedicado ao Samba, trazendo-o para o ''centro das atenções'',
relembrando o que jamais deveria ser esquecido. Salve Cartola, Noel Rosa,
Nélson Cavaquinho, Adoniran Barbosa, Bide, Marçal, Ismael Silva, Chico Santana,
Alberto Lonato, Wilson Baptista, Ataulfo Alves, Alcides, Geraldo Pereira,
Geraldo Babão, Geraldo Filme, Mano Décio, Nilton Bastos, Herivelto Martins,
Francisco Alves, Lupicínio Rodrigues, Manacéa, Candeia, Portela, Mangueira,
Império Serrano, Orlando Silva, Carlos Galhardo... Enfim, essa infinidade de
compositores, intérpretes, Escolas e sambistas de "primeira" que
tanto agregaram à nossa cultura. Que todos sejam sempre lembrados, não só hoje,
como toda vez que se falar e ouvir sobre as verdadeiras raízes do Brasil.
Deixo a todos com um belíssimo
samba do Manacéa, na voz da maravilhosa Cristina Buarque:
Ouçam mais em: seleção Samba e Choro
E feliz Dia Nacional do Samba!
(por Joyce Albuquerque)