Ousada, austera,
competente. É nessa ordem que Bethânia atravessa seu Oásis agregado de técnica
e emoção.
Aos seus 47
anos de carreira, a cantora concede aos fãs sua nova turnê, Carta de amor, que
já viajou por algumas capitais brasileiras privilegiadas.
O espetáculo
é baseado em seu novo disco, Oásis de Bethânia. No entanto, velhas canções
também ganham novas formas, como “Na primeira manhã”, de Alceu Valença, que
aparece em meio a apresentação com nova e deliciosa roupagem.
Bem
acompanhada, a estrela principal conta com a competência da banda formada pelo
Maestro Wagner Tiso, que assume a regência instrumental do show e ainda comanda
o piano, Gabriel Improta (violão e
guitarra), Paulo Dafilin (violão e viola), Jorge Helder (baixo), Pantico Rocha
(bateria), Marcelo Costa (percussão) e Marcio Mallard (violoncelo).
Em um curto intervalo, são eles quem assumem a cena com
total maestria, dando vida instrumental às clássicas Cais e Maria Maria, de
Milton Nascimento.
O show é ilustrado
pelo cenário de Bia Lessa, a qual dirige com delicadeza e competência o mesmo.
Quem dá a
performance de iluminação, deixando a cena musical ainda mais brilhante, é
Tomáz Ribas, que faz abranger total sintonia entre cena e cenário.
A emoção do
público é clara, sobretudo, quando a baiana de Santo Amaro dedica uma parte de
seu show para homenagear a mãe, Dona Canô, falecida há pouco, aos 105 anos.
Para manter
os bons costumes, a cantora destila seu fel quando recita trechos poéticos pertinentes
ao clima do espetáculo.
Ao fim, para retribuir o público, que se faz presente o tempo todo, ela
volta para o bis e traz embrulhada em seda a boa e velha “O que é, o que é” de
Gonzaguinha. Essa, sem acompanhamento instrumental. Apenas sua voz, que aquece
e transa com a voz do público e torna-se um uníssono repleto de emoção.
É correto
afirmar que toda nota que corre em sua garganta, ganha mais valor.
Bethânia,
mais uma vez, imortaliza um repertório eclético e muito bem aceito, tanto pelo
público, quanto pela crítica especializada, a manter com coerência sua coroa de
Abelha Rainha.
A luz fala em
sua voz. Nós, os outros, ouvimos.
[VÍDEO: Que me leva os meus fantasmas]
Vejam algumas fotos capturadas pelos fãs Leandro Zecchin e Riziane Otoni