Gal é uma das maiores vozes do Brasil. Não adiantam comparações,
ninguém toma o lugar de ninguém. E esse é o lugar dela, já faz tempo.
Surgiram muitos comentários sobre o show de estréia do CD
Recanto em SP, dia 24/05, devido ao fato dela ter desafinado em algumas músicas.
E a quantidade de comentários já era absolutamente esperada. Afinal, sempre
esperamos a perfeição dessa voz que já marcou tantos acontecimentos na história
da música no Brasil.
Mas que fique claro: Gal Costa não estava simplesmente
resfriada. Foi um problema grave, uma forte faringite. Ela até teve que tomar
uma injeção na sexta-feira (25/05) de manhã para melhorar a voz, já que teria que se
apresentar para o segundo show em SP.
Eu estava presente neste segundo show, que foi emocionante, como sempre é qualquer coisa envolvendo Gal Costa. Mas posso dizer que a apreensão por causa da afinação dela tornou o espetáculo ainda mais comovente.
Eu estava presente neste segundo show, que foi emocionante, como sempre é qualquer coisa envolvendo Gal Costa. Mas posso dizer que a apreensão por causa da afinação dela tornou o espetáculo ainda mais comovente.
Ela entra no palco, mas ninguém vê. Tá tudo escuro e a gente
só percebe que ela tá ali porque ela começa: "Foi um pequeno momento, um
jeito,uma coisa assim" . É com "Da Maior Importância" que começa o
espetáculo da maior voz do Brasil.
O esforço para
atingir os agudos era visível desde o começo do show e a vontade de superar os
obstáculos também. Tanto que a plateia se tornou cúmplice. A cada batalha
enfrentada entre a vontade de acertar e o medo de desafinar , o que se via era
um público carinhoso, compreensivo.
Em "Autotune Autoerótico", a plateia nem esperou o fim da música para começar a aplaudir e gritar. Muita gente aplaudiu de pé. Isso porque a música traduz exatamente o que todos sentem. Que "Não, o autotune não basta pra fazer o canto andar pelos caminhos que levam à grande beleza". É isso mesmo: nenhum recurso tecnológico será capaz de substituir a voz na função de tocar o sentimento das pessoas.
Em "Autotune Autoerótico", a plateia nem esperou o fim da música para começar a aplaudir e gritar. Muita gente aplaudiu de pé. Isso porque a música traduz exatamente o que todos sentem. Que "Não, o autotune não basta pra fazer o canto andar pelos caminhos que levam à grande beleza". É isso mesmo: nenhum recurso tecnológico será capaz de substituir a voz na função de tocar o sentimento das pessoas.
Caetano Veloso sentiu mais ou menos a mesma coisa, e
escreveu na sua coluna para O Globo (que pode ser lida aqui ) sobre a o sentimento intenso entre a plateia
e a cantora em São Paulo.
O álbum, lançado no fim de 2011, composto e produzido por Caetano, causou muita polêmica, tanto por parte dos fãs, quanto pela crítica especializada.
O motivo da discussão foi o fato de Recanto ter uma pegada mais eletrônica, mais moderna. Muita gente não conseguiu associar o nome Gal Costa a uma música inspirada no funk carioca, como no caso de Miami Maculele, por exemplo.
Mas a plateia presente no HSBC Brasil era das mais receptivas possível.
Eu percebi que muita gente que estava sentada perto de mim,
não tinha ouvido o novo CD, só estava lá pelo nome, pela estrela de outros
tempos. Então, fiquei atenta para perceber a reação do público com as novas
músicas. Felizmente, notei que a maioria gostou e se divertiu com essa nova Gal. Em
"Neguinho", por exemplo, ouvi muitas risadas de pessoas que,
provavelmente, nunca tinham ouvido a música e se encantaram com o tom de
deboche. Aliás, na minha opinião,
“Neguinho” é a música do novo disco que mais deu certo nos
shows. O retorno da platéia é incrível!
Mas é claro que quem estava lá só por causa dos clássicos,
não foi para casa insatisfeito, já que o repertório contou com a interpretação
de vários sucessos, como “Folhetim”, “Divino Maravilhoso”, “Barato Total” e “Força
Estranha”.
Vi muita gente se emocionando, chorando, em todos
momentos. Um ponto alto, foi quando ela interpretou Um dia de Domingo imitando
o Tim Maia, com a voz grave. Ficou muito parecido, de verdade. A música já é
linda, mas se tornou mais ainda, porque se transformou em uma homenagem de Gal
(e Caetano, que foi quem deu a ideia) para Tim Maia.
Enfim, acho que dá pra perceber que as apresentações do
Recanto aqui em SP podem ser resumidas em uma palavra: emoção.
E aos que moram em outras regiões do Brasil que não fazem
parte do circuito-de-sempre dos shows (SP-RJ-BH-POA-Recife), a boa notícia: Gal
já declarou que quer se apresentar por todo o Brasil. Então já vão preparando o
coração (e o bolso, né!), porque esse é um show daqueles que mexem com a gente.
É um show que envolve toda uma trajetória de amor à música, de amor à arte de
cantar.
E quem ainda tiver dúvidas de que vale a pena assistir ao show, compartilho o setlist:
Texto escrito por @brendaamaral